Berlim Consome
Autor: Ebi
Categorias: Fanfic, One Shot
Idioma: Português
Gêneros: Yaoi, Hardcore, Public, Drama, Fetiche, BDSM, Cyberpunk
A dança da carne sob o véu da decadência
O ar pesado do clube Schwarze Lust cheirava a couro envelhecido, álcool barato e desejo não disfarçado. As paredes de tijolos à vista, marcadas por pichações anárquicas e cartazes rasgados de bandas de punk dos anos 80, vibravam com o som industrial que ecoava de caixas de som distorcidas. Luzes estroboscópicas cortavam a névoa de fumaça e suor, iluminando brevemente corpos entrelaçados, bocas ávidas e mãos que se perdiam em regiões proibidas mesmo para ali. Entre os cantos escuros, sombras se moviam como criaturas noturnas — homens com coleiras de metal, mulheres de corsetes apertados fumando cigarros de cannabis, e figuras andróginas cujos contornos se dissolviam na penumbra. Klaus, magro e pálido, com cicatrizes de agulhas nos braços e um brinco de aço cintilando na orelha, esfregou os lábios ressecados enquanto atravessava a multidão. Seus passos eram trêmulos, não por medo, mas pela abstinência de algo mais intoxicante que drogas: o toque de um estranho.
Há anos, ele se entregava àquela rotina. Berlim era sua madrasta perversa, e os becos subterrâneos, seu colo. Trabalhava de dia em um antiquário em Kreuzberg, lidando com relíquias de um passado mofado — livros em alemão gótico, bonecas de porcelana com rostos rachados, crucifixos invertidos —, mas as noites eram sagradas. Eram quando ele se transformava em um fantasma faminto, buscando corpos quentes para preencher o vazio que ardia em suas entranhas. Nada importava além do momento em que um desconhecido o empurrava contra uma parede, marcando sua pele como um animal territorial, transformando-o em tela para seus desejos mais primitivos.
Foi então que o viu.
Entre a massa de corpos suados, um garoto surgiu como um reflexo distorcido de Klaus. Magro, mas não frágil, com quadris estreitos e uma cintura que parecia feita para ser agarrada. Seus cabelos loiros platinados caíam em mechas desgrenhadas sobre olhos verdes fosforescentes — a cor de veneno diluído em absinto —, e seus lábios carnudos estavam manchados de vinho barato, vermelho como sangue coagulado. Usava uma camisa transparente colada ao torso, revelando mamilos rosados e uma corrente de prata caindo até o umbigo, onde brilhava um piercing em forma de estrela. Mas o que mais chamou atenção foi o volume obsceno em suas calças de couro justas — uma protuberância grossa e longa que desafiava os botões, como se quisesse libertar-se a qualquer custo. Klaus engoliu seco, sentindo a boca encher de saliva.
O garoto sorriu, revelando dentes afiados — caninos ligeiramente mais longos, como os de um vampiro adolescente —, e aproximou-se com passos felinos, ignorando os corpos que esbarravam nele. Seus dedos esqueléticos, adornados com anéis de caveira e uma serpente de ferro que enrolava-se no indicador, roçaram o pescoço de Klaus antes de puxá-lo pelos cabelos, expondo a jugular pulsante. "Du… siehst aus wie meine letzte schlechte Entscheidung", sussurrou, voz melíflua e venenosa, um sotaque berlinense cortante como navalha. Klaus riu, uma risada rouca de quem reconhecia a própria ruína no olhar do outro.
Antes que pudesse responder, o loiro o arrastou para um banheiro imundo no fundo do clube, onde a luz fluorescente piscava como um farol de naufrágio. O chão estava encharcado de líquidos não identificados, e as paredes, cobertas de grafites vulgares e números de telefone riscados. A porta bateu, e Klaus foi empurrado contra a pia rachada, seu quadril colidindo com a borda fria de porcelana quebrada. O loiro ajoelhou-se, desabotoando a calça de Klaus com dedos ágeis, e cuspiu no membro já ereto que saltou para fora. "So verdorrt…", murmurou, como se lamentasse a secura da pele de Klaus, antes de engoli-lo até a base, garganta apertada e quente como um punho.
Klaus gemeu, segurando-se na pia enquanto o garoto sugava com uma mistura de dor e prazer que o fez ver estrelas. Os anéis nos dedos do loiro arranhavam suas coxas, deixando linhas vermelhas que logo escureceriam, e quando Klaus olhou para baixo, viu os olhos verdes fixos nele — um desafio, uma promessa de destruição. "Nicht so schnell", o garoto rosnou, retirando-se de repente e deixando Klaus gemendo de frustração, o membro latejando de necessidade. Levantou-se, deslizando a mão por dentro da própria calça para libertar um membro tão impressionante quanto prometera: longo, curvado e veiudo, com a cabeça inchada e vermelha, um fio de pré-gozo já brilhando na ponta.
"Zeig, dass du es verdienst", ordenou, esfregando a ponta na boca entreaberta de Klaus. Ele obedeceu, lambendo o salgado pré-gozo antes de engolir o máximo que pôde, sentindo a garganta queimar enquanto o loiro avançava. O garoto puxou seus cabelos, forçando-o a encarar seu sorriso cruel enquanto afundava o quadril para frente, sufocando Klaus até as lágrimas. "Genau so… mein kleiner Würgeengel", sibilou, usando a garganta de Klaus como uma buceta, ritmo acelerando até que a saliva escorresse pelo queixo do moreno, misturando-se às lágrimas.
Quando retirou-se, Klaus estava ofegante, o rosto encharcado, a respiração um caos. O loiro virou-o de frente para o espelho quebrado, pressionando seu rosto contra o vidro — estilhaços minúsculos cravaram-se em sua bochecha, mas a dor era um mero detalhe. "Sieh zu, wie ich dich ruiniere", ordenou, cuspindo na própria mão e esfregando-a na entrada contraída de Klaus. Com um movimento fluido, penetrou-o em um único empurrão, arrancando um grito que ecoou pelo banheiro vazio.
Klaus agarrou a pia, os nós dos dedos brancos, enquanto o garoto o fodia com estocadas curtas e profundas. Cada movimento acertava sua próstata com precisão cirúrgica, fazendo-o gemer em golpes roucos. O loiro mordia seu ombro, deixando marcas em forma de meia-lua, e segurava seus quadris com força para controlar o ritmo. "Du bist nur ein Loch… ein feuchtes, geiles Loch", repetia, enquanto a cinta de couro de Klaus batia contra suas coxas com um som úmido, o cheiro de sexo e sangue enchendo o ar.
O calor aumentava, o ar ficava eletrizado. O garoto puxou Klaus para trás, fazendo-o sentar em seu colo enquanto continuava a penetrá-lo, uma mão enlaçando seu pescoço para sufocá-lo levemente. No espelho, Klaus via seu próprio rosto — avermelhado, os olhos revirados, a boca aberta em um gemido mudo — enquanto o loiro sorria, demônio loiro que o consumia, os dedos apertando sua garganta até que a visão escurecesse nas bordas.
"Komm für mich", ordenou o garoto, apertando a base do membro de Klaus com força. Foi o suficiente. Klaus gozou com um tremor violento, jatos brancos manchando o espelho sujo, borrando seu próprio reflexo. O loiro riu, enterrando-se até as bolas e deixando-se ir logo após, sêmen quente inundando as entranhas de Klaus, preenchendo-o como um vaso rachado.
Quando acabaram, o garoto retirou-se com um som úmido, deixando Klaus cambaleando, as pernas trêmulas incapazes de sustentá-lo. Enfiou um bilhete rasgado no bolso traseiro dele: "Du trägst meinen Geruch jetzt. Komm morgen, oder ich finde dich." Antes de desaparecer pela porta, olhou para trás, os olhos verdes brilhando como felinos na escuridão.
O Preço do Vício
A manhã seguinte encontrou Klaus cambaleando pelas ruas de Neukölln, o corpo um mapa de arranhões e mordidas. O sol nascente filtrado por nuvens de chumbo iluminava as fachadas descascadas de prédios abandonados, sacos de lixo rasgados e garrafas quebradas. Suas pernas falhavam a cada passo, e a dor latejante em suas entranhas era um lembrete cruel — e delicioso — da noite. A cada movimento, sentia o sêmen seco vazar entre suas coxas, a pele sensível queimando sob as roupas encardidas. No reflexo de uma vitrine quebrada de uma loja de kebap fechada, ele observou as marcas roxas no pescoço, os olhos fundos cercados por olheiras púrpuras, e a boca inchada, os lábios rachados pelo sal e pelos dentes do loiro. Sorriu, a língua passando sobre os ferimentos como um animal lambendo suas próprias cicatrizes.
Mas ao alcançar seu apartamento minúsculo, onde a luz do sol revelava a sujeira no chão e as seringas usadas sob a cama, algo estalou. A carta de demissão do antiquário estava sobre a mesa — "Seu comportamento errático não é mais tolerável" —, junto a uma foto desbotada de uma criança loira sorridente em um jardim que talvez nunca tenha existido. Klaus deixou-se cair no colchão manchado, tocando as feridas frescas, os dedos sujos de sangue seco e fluidos alheios.
Naquela noite, o bilhete ainda estava em sua mão, amassado e manchado de urina de rua. E, como um cachorro surrado que volta ao dono, Klaus arrastou-se de volta ao Schwarze Lust. Havia mais corpos, mais dor, mais esquecimento. Sempre mais.
Ele era, afinal, um buraco sem fundo. E Berlim, sua amante cruel, jamais diria "chega".
Download: PDF
Comentários
Postar um comentário